domingo, 26 de junho de 2016

Por que Londres?



Países fundadores da UE defendem que Reino Unido negocie saída 'o quanto antes'
Redação | São Paulo - 25/06/2016 - 13h03
Segundo chanceler da França, 'não há tempo a perder' e UE precisa evitar 'período de incerteza'; ministros das Relações Exteriores se reuniram em Berlim







Os ministros das Relações Exteriores dos seis países fundadores da União Europeia — Alemanha, Bélgica, França, Holanda, Itália e Luxemburgo — se reuniram neste sábado (25/06) em Berlim e declararam que desejam que o Reino Unido inicie as negociações para sair do bloco “o quanto antes”.

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Ministros das Relações Exteriores da Alemanha, Bélgica, França, Holanda, Itália e Luxemburgo se reuniram neste sábado em Berlim

“Agora esperamos que o governo do Reino Unido seja claro e ponha em prática essa decisão o quanto antes”, afirmaram os ministros das Relações Exteriores dos seis países em comunicado conjunto. No referendo realizado na quinta-feira (23/06), 51,9% dos britânicos votaram a favor da “Brexit” (saída britânica do bloco), porém o país precisará negociar com a UE os termos da medida, processo que pode levar anos.

“Existe certa urgência [pela saída do Reino Unido] para que nós não tenhamos um período de incerteza, com consequências financeiras, consequências políticas”, afirmou o ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Marc Ayrault, acrescentando que “não há tempo a perder”. Segundo Bert Koenders, ministro das Relações Exteriores holandês, “há um claro apelo da maioria dos Estados-membros” para acelerar o processo.

A saída de um país da UE é inédita, o que leva. O artigo 50 do Tratado de Lisboa, assinado em 2007, versa sobre a saída voluntária de um Estado-membro, mas não detalha como se daria o processo. Nesses termos, apenas o Reino Unido poderia iniciar a negociação, porém o governo britânico sinalizou que não deverá fazê-lo antes de outubro.


O ministro das Relações Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier, declarou que a UE não deve buscar uma “vingança” após a decisão do Reino Unido e que os países fundadores são capazes de fortalecer o bloco após a “Brexit”.

“Estou confiante que esses [seis] países podem também enviar uma mensagem de que não deixaremos ninguém tirar a Europa de nós”, disse Steinmeier. O ministro afirmou ainda que as lideranças europeias estão preparadas para tratar de problemas na UE apontados ao longo da campanha a favor da “Brexit”, como a alta taxa de desemprego de jovens.
EFE

 Manifestantes britânicos têm ido as ruas protestar contra a saída do país da UE

“Honestamente, [a negociação] não deveria demorar uma eternidade, isso é verdade, mas eu não lutaria agora por um prazo curto”, disse a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, em uma entrevista coletiva nas proximidades de Berlim, onde participou de uma convenção partidária.

Representante britânico na Comissão Europeia renuncia
Neste sábado, o alto diplomata britânico Jonathan Hill renunciou ao cargo de representante do Reino Unido na Comissão Europeia, braço executivo da UE. “Ao seguirmos para uma fase, eu não acredito que é certo eu prosseguir como o comissário britânico como se nada tivesse acontecido”, disse Hill, que era o principal diplomata do país em Bruxelas, por meio de um comunicado. O cargo de comissário europeu equivale ao de ministro, mas no âmbito da UE.

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Hill era o comissário europeu do Reino Unido desde novembro de 2014

“Eu vim a Bruxelas como alguém que havia feito campanha contra o Reino Unido adotar o euro e que era cético a respeito da Europa. Eu deixarei claro que, apesar das frustrações, nossa participação foi boa para nossa posição no mundo e boa para a nossa economia”, declarou.

Hill é do Partido Conservador, o mesmo do primeiro-ministro David Cameron, que, após o resultado do referendo, anunciou que irá renunciar em outubro, quando deverá ser eleito um novo premiê. Cameron apoiou publicamente a permanência do país na UE.

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