Planeta está despreparado para pandemias futuras, que podem ser mais letais, diz OMS
"O planeta é frágil, há
muita complexidade e conectividade, e temos que trabalhar juntos, pois pode
haver pandemias mais severas no futuro"
BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) - "Esta pandemia não foi a 'big one'. Foi um toque de despertador para que invistamos em mais ciência, logística, treinamento e comunicação, para enfrentar futuras pandemias mais letais", afirmou nesta segunda (28) Michael Ryan, diretor-executivo da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Segundo Ryan, o Sars-Cov-2, que já contaminou mais de 80,5 milhões de pessoas no mundo e deixou ao menos 1,76 milhão de mortos, é muito transmissível, mas sua letalidade é relativamente baixa. "O planeta é frágil, há muita complexidade e conectividade, e temos que trabalhar juntos, pois pode haver pandemias mais severas no futuro", disse ele.
Os países não conseguem dar conta
nem mesmo da atual pandemia de Covid-19, segundo o epidemiologista canadense
Bruce Aylward, consultor sênior da OMS: "Basta ver as segundas e terceiras
ondas".
"Podemos estar mais
preparados, mas não inteiramente preparados nem para esta pandemia, que dirá
para uma próxima", disse ele.
A OMS também afirmou que as
variantes do coronavírus detectadas no Reino Unido e na África do Sul são
diferentes entre si, embora ambas apresentem alterações na espícula (estrutura
usada pelo vírus para penetrar nas células).
Segundo a entidade, ainda não há
evidências suficientes sobre impacto delas sobre a pandemia e sobre as vacinas.
Maria van Kerkhove, líder técnica
da OMS para Covid-19, disse que estão sendo feitos estudos em laboratório para
entender como as variantes interagem com células humanas, como as células
pulmonares, por exemplo, e qual o efeito dos anticorpos sobre essas variantes.
Os resultados podem levar semanas, segundo ela.
A líder técnica afirmou que
estudos preliminares indicam que não houve até agora no Reino Unido diferenças
significativas em termos de severidade da doença e de internações hospitalares.
Independentemente dos resultados
finais, novas mutações são esperadas, e elas acontecem com mais frequência
quando a transmissão não é controlada, afirmou David Heymann, professor da
Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.
"Mais importante que
bloquear fronteiras é reduzir o contágio com as ferramentas básicas que já
conhecemos, pois quanto mais pessoas contaminadas maior a chance de ocorrerem
mutações", disse o especialista.
Para Marion Koopmans, chefe do
departamento de ciências virais do Centro Médico Erasmus (Holanda), o
surgimento de variantes será "cada vez mais frequente" e os países
deveriam fortalecer a capacidade de sequenciar os genomas dos vírus e fazer
análises laboratoriais das mutações ao mesmo tempo, para obter respostas mais
rápidas.
Ela afirmou também que é preciso
fazer uma análise aprofundada do que funcionou ao longo deste ano, para
permitir o combate de novos patógenos. "Há alguns anos, cientistas
chegaram à conclusão de que seria preciso desenvolver novas tecnologias de
vacinas para reagir rapidamente a novos patógenos, e isso permitiu a rápida
produção de imunizantes contra a Covid-19 agora", exemplificou.
Noticia: noticiasaominuto
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