terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Planeta está despreparado para pandemias futuras, que podem ser mais letais, diz OMS

 Planeta está despreparado para pandemias futuras, que podem ser mais letais, diz OMS

"O planeta é frágil, há muita complexidade e conectividade, e temos que trabalhar juntos, pois pode haver pandemias mais severas no futuro"

Planeta está despreparado para pandemias futuras, que podem ser mais letais, diz OMS

BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) - "Esta pandemia não foi a 'big one'. Foi um toque de despertador para que invistamos em mais ciência, logística, treinamento e comunicação, para enfrentar futuras pandemias mais letais", afirmou nesta segunda (28) Michael Ryan, diretor-executivo da OMS (Organização Mundial da Saúde).

 Segundo Ryan, o Sars-Cov-2, que já contaminou mais de 80,5 milhões de pessoas no mundo e deixou ao menos 1,76 milhão de mortos, é muito transmissível, mas sua letalidade é relativamente baixa. "O planeta é frágil, há muita complexidade e conectividade, e temos que trabalhar juntos, pois pode haver pandemias mais severas no futuro", disse ele.

Os países não conseguem dar conta nem mesmo da atual pandemia de Covid-19, segundo o epidemiologista canadense Bruce Aylward, consultor sênior da OMS: "Basta ver as segundas e terceiras ondas".

"Podemos estar mais preparados, mas não inteiramente preparados nem para esta pandemia, que dirá para uma próxima", disse ele.

A OMS também afirmou que as variantes do coronavírus detectadas no Reino Unido e na África do Sul são diferentes entre si, embora ambas apresentem alterações na espícula (estrutura usada pelo vírus para penetrar nas células).

Segundo a entidade, ainda não há evidências suficientes sobre impacto delas sobre a pandemia e sobre as vacinas.

Maria van Kerkhove, líder técnica da OMS para Covid-19, disse que estão sendo feitos estudos em laboratório para entender como as variantes interagem com células humanas, como as células pulmonares, por exemplo, e qual o efeito dos anticorpos sobre essas variantes. Os resultados podem levar semanas, segundo ela.

A líder técnica afirmou que estudos preliminares indicam que não houve até agora no Reino Unido diferenças significativas em termos de severidade da doença e de internações hospitalares.

Independentemente dos resultados finais, novas mutações são esperadas, e elas acontecem com mais frequência quando a transmissão não é controlada, afirmou David Heymann, professor da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.

"Mais importante que bloquear fronteiras é reduzir o contágio com as ferramentas básicas que já conhecemos, pois quanto mais pessoas contaminadas maior a chance de ocorrerem mutações", disse o especialista.

Para Marion Koopmans, chefe do departamento de ciências virais do Centro Médico Erasmus (Holanda), o surgimento de variantes será "cada vez mais frequente" e os países deveriam fortalecer a capacidade de sequenciar os genomas dos vírus e fazer análises laboratoriais das mutações ao mesmo tempo, para obter respostas mais rápidas.

Ela afirmou também que é preciso fazer uma análise aprofundada do que funcionou ao longo deste ano, para permitir o combate de novos patógenos. "Há alguns anos, cientistas chegaram à conclusão de que seria preciso desenvolver novas tecnologias de vacinas para reagir rapidamente a novos patógenos, e isso permitiu a rápida produção de imunizantes contra a Covid-19 agora", exemplificou.


Noticia: noticiasaominuto

 

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