domingo, 20 de setembro de 2015

Um país coberto de sangue e nem percebido por seus parceiros



Missa lembra
os 22 anos da
chacina de Vigário Geral


29/08/2015 18h42Rio de Janeiro
Paulo Virgílio - Repórter da Agência Brasil



- PAULO (Exclusiva): Lembram-se da matéria TERRORISMO DE ESTADO que escrevi há pouco? Lembram-se?  Os grupos terroristas de Estado. Sim, do Estado Brasileiro, cujo governo nada faz e acoberta os que continuam massacrando sua população marrom e pobre e o mundo não enxerga. Nesta semana a policia de São Paulo derrubou de uma altura de 8 metros um pobre, assassinando a sangue frio e desarmado outro suspeito. Socorro. Estamos em guerra civil, logo uma leva de refugiados vão pressionar a América do Norte e não a Europa. Refugiados brasileiros. Não estou brincando.








Os 22 anos da chacina de Vigário Geral serão lembrados na noite deste sábado (29) com missa na Matriz Santa Rosa de Lima, no bairro de Jardim América, zona norte do Rio. A missa foi solicitada pelos parentes de uma das vítimas da chacina, e o celebrante será o pároco da igreja, monsenhor Luis Antonio. Foram convidados parentes de todas os mortos na chacina, ocorrida na madrugada de 29 de agosto de 1993.

Naquele dia, cerca de 50 homens encapuzados, armados com metralhadoras, escopetas, pistolas e granadas, invadiram a favela de Vigário Geral, na zona norte do Rio, arrombaram casas e atiraram de forma indiscriminada nos moradores. Vinte e uma pessoas foram executadas. Todas tinham endereço fixo, profissão definida e sem antecedentes criminaiis.

A matança foi motivada por vingança. No dia anterior, quatro soldados do 9º Batalhão da Polícia Militar (PM) tinham sido assassinados na Praça Catolé do Rocha, vizinha à favela, em um crime atribuído a traficantes de drogas que atuavam em Vigário Geral. Os autores da chacina eram policiais militares de um grupo conhecido como Cavalos Corredores, por causa de sua maneira de agir. Eles entravam nos locais correndo, atirando e aterrorizando os moradores.

A chacina de Vigário Geral somou-se a outros massacres ocorridos no Rio de Janeiro. No dia 23 de julho daquele ano, cerca de 50 crianças e adolescentes que dormiam nas proximidades da Igreja da Candelária, no centro da cidade, foram alvejados por policiais. Oito morreram. Nos anos seguintes, três sobreviventes dessa chacina morreram em confrontos com a polícia.

Ocorridas no segundo mandato do governador Leonel Brizola (1991-1994), as duas chacinas tiveram repercussão em todo o mundo e mobilizaram organismos internacionais de defesa dos direitos humanos. Dos 52 policiais militares acusados formalmente da matança em Vigário Geral, apenas sete foram condenados e só um continua preso, o ex-PM Sirlei Alves Teixeira.

Três foram absolvidos no segundo julgamento, um morreu e dois foram beneficiados com a liberdade condicional. Cinco acusados morreram antes do julgamento e dois estão foragidos. Os demais foram absolvidos ou nem chegaram a ser responsabilizados.

“A lembrança da chacina de Vigario Geral é a lembrança de toda uma classe média, da qual eu faço parte, que assistiu à barbárie, mas não protestou e depois viu outras chacinas ocorrerem. O que nós esperamos hoje é que esse comportamento de indiferença da classe média em relação a esses crimes mude para uma cultura de cidadania”, diz , Antônio Carlos Costa, presidente da organização não governamental (ONG) Rio de Paz, que desde 2007 se posiciona contra chacinas e episódios de violência que ocorrem não só no Rio de Janeiro mas também em outras regiões do país.

Antônio Carlos Costa participou ontem (28), em São Paulo, de manifestação promovida pelo Rio de Paz em solidariedade às famílias das 19 vítimas da chacina do último dia 13 nas cidades de Osasco e Barueri, na região metropolitana da capital paulista. O ato, realizado em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), teve como objetivo cobrar do governo paulista apoio aos parentes das vítimas e à elucidação da autoria da chacina.

Edição: Nádia Franco

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