Missa lembra
os 22 anos da
chacina de Vigário Geral
29/08/2015
18h42Rio de Janeiro
Paulo
Virgílio - Repórter da Agência Brasil
-
PAULO (Exclusiva): Lembram-se da matéria TERRORISMO DE ESTADO que escrevi há pouco?
Lembram-se? Os grupos terroristas de Estado.
Sim, do Estado Brasileiro, cujo governo nada faz e acoberta os que continuam
massacrando sua população marrom e pobre e o mundo não enxerga. Nesta semana a
policia de São Paulo derrubou de uma altura de 8 metros um pobre, assassinando a
sangue frio e desarmado outro suspeito. Socorro. Estamos em guerra civil, logo
uma leva de refugiados vão pressionar a América do Norte e não a Europa. Refugiados
brasileiros. Não estou brincando.
Os 22 anos da chacina de Vigário
Geral serão lembrados na noite deste sábado (29) com missa na Matriz Santa Rosa
de Lima, no bairro de Jardim América, zona norte do Rio. A missa foi solicitada
pelos parentes de uma das vítimas da chacina, e o celebrante será o pároco da
igreja, monsenhor Luis Antonio. Foram convidados parentes de todas os mortos na
chacina, ocorrida na madrugada de 29 de agosto de 1993.
Naquele dia, cerca de 50 homens
encapuzados, armados com metralhadoras, escopetas, pistolas e granadas, invadiram
a favela de Vigário Geral, na zona norte do Rio, arrombaram casas e atiraram de
forma indiscriminada nos moradores. Vinte e uma pessoas foram executadas. Todas
tinham endereço fixo, profissão definida e sem antecedentes criminaiis.
A matança foi motivada por
vingança. No dia anterior, quatro soldados do 9º Batalhão da Polícia Militar
(PM) tinham sido assassinados na Praça Catolé do Rocha, vizinha à favela, em um
crime atribuído a traficantes de drogas que atuavam em Vigário Geral. Os
autores da chacina eram policiais militares de um grupo conhecido como Cavalos
Corredores, por causa de sua maneira de agir. Eles entravam nos locais correndo,
atirando e aterrorizando os moradores.
A chacina de Vigário Geral somou-se
a outros massacres ocorridos no Rio de Janeiro. No dia 23 de julho daquele ano,
cerca de 50 crianças e adolescentes que dormiam nas proximidades da Igreja da
Candelária, no centro da cidade, foram alvejados por policiais. Oito morreram.
Nos anos seguintes, três sobreviventes dessa chacina morreram em confrontos com
a polícia.
Ocorridas no segundo mandato do
governador Leonel Brizola (1991-1994), as duas chacinas tiveram repercussão em
todo o mundo e mobilizaram organismos internacionais de defesa dos direitos
humanos. Dos 52 policiais militares acusados formalmente da matança em Vigário
Geral, apenas sete foram condenados e só um continua preso, o ex-PM Sirlei
Alves Teixeira.
Três foram absolvidos no segundo
julgamento, um morreu e dois foram beneficiados com a liberdade condicional.
Cinco acusados morreram antes do julgamento e dois estão foragidos. Os demais
foram absolvidos ou nem chegaram a ser responsabilizados.
“A lembrança da chacina de Vigario
Geral é a lembrança de toda uma classe média, da qual eu faço parte, que
assistiu à barbárie, mas não protestou e depois viu outras chacinas ocorrerem.
O que nós esperamos hoje é que esse comportamento de indiferença da classe
média em relação a esses crimes mude para uma cultura de cidadania”, diz ,
Antônio Carlos Costa, presidente da organização não governamental (ONG) Rio de
Paz, que desde 2007 se posiciona contra chacinas e episódios de violência que
ocorrem não só no Rio de Janeiro mas também em outras regiões do país.
Antônio Carlos Costa participou
ontem (28), em São Paulo, de manifestação promovida pelo Rio de Paz em
solidariedade às famílias das 19 vítimas da chacina do último dia 13 nas
cidades de Osasco e Barueri, na região metropolitana da capital paulista. O
ato, realizado em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), teve como
objetivo cobrar do governo paulista apoio aos parentes das vítimas e à
elucidação da autoria da chacina.
Edição: Nádia Franco
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