Para
Renan e Jucá, pedido de prisão é "absurdo, desproporcional e abusivo"
- 07/06/2016 12h19
- Brasília
No Brasil, onde um negro ou pobre furtar uma lata de doce dá até 3 anos de prisão, "autoridades" brancas e corruptas reagem assim quando são pegas roubando milhões. Realmente não somos um país sério...
Karine
Melo – Repórter da Agência Brasil
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e
o senador Romero Jucá (PMDB-RR) consideraram nesta terça-feira (7)
"absurdo" e "desproporcional" o pedido de prisão deles feito pelo
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao relator da Operação
Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Teori Zavascki.
Em nota divulgada hoje, Renan considerou a
iniciativa “desarrazoada, desproporcional e abusiva". “O presidente do
Senado está sereno e seguro de que a Nação pode seguir confiando nos Poderes da
República. O presidente reafirma que não praticou nenhum ato concreto que
pudesse ser interpretado como suposta tentativa de obstrução à Justiça, já que
nunca agiu, nem agiria, para evitar a aplicação da lei. O senador relembra que
já prestou os esclarecimentos que lhe foram demandados e continua com a postura
colaborativa para quaisquer novas informações”, diz o documento divulgado pela
assessoria de imprensa do senador.
Ainda na nota, Renan reitera seu respeito à
dignidade e à autoridade do Supremo Tribunal Federal e a todas às instituições
democráticas do país. "Todas as instituições estão sujeitas ao sistema de
freios e contrapesos e, portanto, ao controle de legalidade. O Senado Federal
tem se comportado com a isenção que a crise exige e atento à estabilidade
institucional do país”, acrescentou o senador.
Por fim, Renan Calheiros disse que a nação passa
por um período delicado de sua história que impõe a todos, especialmente aos
homens públicos, serenidade, equilíbrio, bom-senso, responsabilidade e,
sobretudo, respeito à Constituição Federal. "Valores absolutos e sagrados
do Estado Democrático de Direito, como a independência dos poderes, as
garantias individuais e coletivas, a liberdade de expressão e a presunção da
inocência, conquistados tão dolorosamente, mais do que nunca, precisam ser
reiterados”.
Romero Jucá
Também por meio de nota, Jucá classificou de
“absurdo o pedido”. “Em nenhum momento agi ou atuei no sentido de propor
legislação ou qualquer tipo de ação que pudesse ser interpretada como tentativa
de confundir as investigações. Defendo que investigados presos possam
utilizar-se do mecanismo da delação premiada. Defendo a prisão, com julgamento
em segunda instância, em caso que a justiça entenda que seja necessária”,
afirmou.
Romero Jucá lembrou que, desde que foi vítima da
gravação de Sérgio Machado, pediu afastamento do Ministério do Planejamento e,
no mesmo dia, solicitou cópia do conteúdo à PGR para que pudesse se defender.
“Solicitei também à PGR e ao STF cópia da delação do senhor Sérgio Machado na
parte que envolve meu nome. Até a data de hoje, venho sendo acusado e agredido
por adversários políticos e não tenho conhecimento do material a que tenho
direito de ter acesso para que eu possa me defender”.
Saiba Mais
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O peemedebista lamentou o que chamou de “vazamento
seletivo” que, afirmou, expõe as pessoas sem nenhum tipo de contraditório.
“Esta prática não se coaduna com o regime democrático e de direito em que
estamos vivendo. Volto a reafirmar que estou à disposição da justiça para
qualquer informação ou investigação e já coloquei à disposição meu sigilos
fiscal, bancário e telefônico; e que nada temo e apoio qualquer tipo de
investigação. Reafirmo minha confiança na Justiça brasileira”
Prisão
Segundo matéria do jornal O Globo publicada
hoje, além de Renan, os pedidos de prisão que estão com Zavascki há, pelo
menos, uma semana incluiriam também o senador Romero Jucá (RR), o ex-senador
José Sarney (AP) e o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), todos
do PMDB. Ainda segundo o jornal, o procurador-geral pede a prisão dos quatro
por suspeita de obstrução das investigações da Operação Lava Jato. Apesar da
repercussão do caso, as assessorias do Supremo Tribunal Federal e da
Procuradoria-Geral da República não confirmam os pedidos de prisão.
Repercussão
Pelos corredores do Senado, o assunto é o mais
comentado na manhã desta terça-feira. O líder do PSDB na Casa, Cássio Cunha
Lima (PB) minimizou a situação. “Existe um clamor público que termina
pressionando as instituições, mas nós não podemos – em nome desse clamor
público – transformar o país em um estado policialesco, onde até mesmo a
emissão de uma opinião em uma conversa privada possa justificar um pedido de
prisão. É preciso ir com calma, devagar com o andor, porque o santo é de barro,
senão esse país não aguenta”, disse.
Para o tucano, a Procuradoria-Geral da República
precisa apresentar de forma nítida e irrefutável os requisitos para o pedido de
prisão.
Outro senador, Álvaro Dias (PV-PR) defendeu um
pedido coletivo de renúncia da presidente da República, do vice-presidente e
Congresso Nacional e a convocações de eleições gerais. “Zeramos tudo e
começamos novamente porque o envolvimento nos escândalos é amplo demais e esta
difícil para a população separar o joio do trigo. “Sei que até essa proposta
soa sem credibilidade porque é difícil acreditar que muitos renunciem”, disse.
Dias também avaliou que cabe aos que estão sendo
acusados, denunciados e até com prisão decretadas se afastar das funções que
exercem para que outros possam assumi-las e dar continuidade aos trabalhos do
Legislativo. “Os que estão nesse nível de acusação deviam se afastar por
iniciativa própria, até para preservar a instituição [Senado]".
Já o petista Humberto Costa (PE) foi cauteloso
sobre a discussão de necessidade de afastamento do presidente do Senado. “Tudo
isso vai depender de qual será a decisão que o Supremo vai tomar. O Supremo
pode considerar que as razões não sejam consistentes e, dependendo dessas
razões, pode não haver impedimento para que ele continue a presidir, mas creio
que o próprio presidente [Renan] deverá chamar ao líderes para fazer uma
reflexão. Enquanto isso, aguardamos uma posiçãodo Supremo”, afirmou.
Edição: Denise
Griesinger
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