Países
fundadores da UE defendem que Reino Unido negocie saída 'o quanto antes'
Redação |
São Paulo - 25/06/2016 - 13h03
Segundo
chanceler da França, 'não há tempo a perder' e UE precisa evitar 'período de
incerteza'; ministros das Relações Exteriores se reuniram em Berlim
Os ministros das Relações Exteriores dos seis
países fundadores da União Europeia — Alemanha, Bélgica, França, Holanda,
Itália e Luxemburgo — se reuniram neste sábado (25/06) em Berlim e declararam
que desejam que o Reino Unido inicie as negociações para sair do bloco “o
quanto antes”.
EFE
Ministros das Relações Exteriores da Alemanha, Bélgica, França, Holanda, Itália
e Luxemburgo se reuniram neste sábado em Berlim
“Agora esperamos que o governo do
Reino Unido seja claro e ponha em prática essa decisão o quanto antes”,
afirmaram os ministros das Relações Exteriores dos seis países em comunicado
conjunto. No referendo realizado na quinta-feira (23/06), 51,9% dos britânicos
votaram a favor da “Brexit” (saída britânica do bloco), porém o país precisará
negociar com a UE os termos da medida, processo que pode levar anos.
“Existe certa urgência [pela
saída do Reino Unido] para que nós não tenhamos um período de incerteza, com
consequências financeiras, consequências políticas”, afirmou o ministro das
Relações Exteriores francês, Jean-Marc Ayrault, acrescentando que “não há tempo
a perder”. Segundo Bert Koenders, ministro das Relações Exteriores holandês,
“há um claro apelo da maioria dos Estados-membros” para acelerar o processo.
A saída de um país da UE é
inédita, o que leva. O artigo 50 do Tratado de Lisboa, assinado em 2007, versa
sobre a saída voluntária de um Estado-membro, mas não detalha como se daria o
processo. Nesses termos, apenas o Reino Unido poderia iniciar a negociação,
porém o governo britânico sinalizou que não deverá fazê-lo antes de outubro.
O ministro das Relações
Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier, declarou que a UE não deve buscar
uma “vingança” após a decisão do Reino Unido e que os países fundadores são
capazes de fortalecer o bloco após a “Brexit”.
“Estou confiante que esses [seis]
países podem também enviar uma mensagem de que não deixaremos ninguém tirar a
Europa de nós”, disse Steinmeier. O ministro afirmou ainda que as lideranças
europeias estão preparadas para tratar de problemas na UE apontados ao longo da
campanha a favor da “Brexit”, como a alta taxa de desemprego de jovens.
EFE
Manifestantes britânicos têm ido as ruas protestar contra a saída do país da UE
“Honestamente, [a negociação] não
deveria demorar uma eternidade, isso é verdade, mas eu não lutaria agora por um
prazo curto”, disse a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, em uma entrevista
coletiva nas proximidades de Berlim, onde participou de uma convenção
partidária.
Representante britânico na Comissão Europeia
renuncia
Neste sábado, o alto diplomata
britânico Jonathan Hill renunciou ao cargo de representante do Reino Unido na
Comissão Europeia, braço executivo da UE. “Ao seguirmos para uma fase, eu não
acredito que é certo eu prosseguir como o comissário britânico como se nada
tivesse acontecido”, disse Hill, que era o principal diplomata do país em
Bruxelas, por meio de um comunicado. O cargo de comissário europeu equivale ao
de ministro, mas no âmbito da UE.
EFE
Hill era o comissário europeu do Reino Unido desde novembro de 2014
“Eu vim a Bruxelas como alguém
que havia feito campanha contra o Reino Unido adotar o euro e que era cético a
respeito da Europa. Eu deixarei claro que, apesar das frustrações, nossa
participação foi boa para nossa posição no mundo e boa para a nossa economia”,
declarou.
Hill é do Partido Conservador, o
mesmo do primeiro-ministro David Cameron, que, após o resultado do
referendo, anunciou que irá renunciar em
outubro, quando deverá ser eleito um novo premiê. Cameron apoiou publicamente a
permanência do país na UE.
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